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Blank Mirror | Espelho Vazio

by Esmegma Jazz & The Tungsten Geisha Ensemble

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    Purchasable with gift card

      €13.12 EUR  or more

     

1.
ACORDA CRESCE DESAPARECE NASCE MATA MÓI, OLHA ESPREGUIÇA VOMITA FALA GRITA DESTRÓI, CORRE FODE MEDITA, ESTICA INALA DÓI, LUTA CURA ESTÚPIDA IMITA FOGE TOY, TROPEÇA RESPIRA EVITA ESPERA SORRI CORRÓI, INSISTE RESISTE DESISTE ENGOLE ESSA MEU HERÓI, CHORA REZA SUFOCA VAI À PRAIA HESITA DESPE-TE VEM-TE & CONTINUA E CONTINUA E CONTINUA...
2.
Foda-se! Pó caralho com o café pingado, abatanado, meia de leite e carioca com limão Pó caralho com os biscoitos aos quadradinhos de chocolate Embalados por chineses cegos de cacau doce Que nunca provarão... LEIA-SE: “BIS-COITOS” Bis-Coitos! Foder outra vez, foder novamente, Foder foder foder foder foder e foder até cair para o lado, Só servimos para nos fodermos uns aos outros, Somos caixas automáticas de fazer foda E fingir que falamos de política e ecologia De caralho teso e ratinha húmida Não me fodam seus punheteiros do patriarcado A babarem-se por vir-se saciar cá dentro Com aquela mão peluda a agarrar com força o cachaço Masturbando-se no escuro da história Ao deitar e antes de ir trabalhar, para relaxar, Existe um espinho na nossa raça-roça E mete nojo porque delimita o universo À palma de uma débil esporradela Sem jeito, sem classe, torta, fraquita, gratuita Como o homofóbico homosexual que é contra o aborto Chicoteando-se ao espelho Enquanto pede perdão a homens brancos imaginários Jogando às escondidas Com os próprios traumas no atrelado Todos diferentes, todos iguais, a queca é a linguagem global e Que se foda a arte e colonizar marte O papá quer é cona nova todo o santo dia para Apagar a própria memória de seguida Vivendo eternamente falsamente apaixonado Pela iminente conquista da próxima mama ELE O caçador falo-protuberante Infantilizado pelo privilégio Competindo como um galo dentro de um relógio viciado ELA A feiticeira ao serviço do motivo Com um ninho na barriga invadida Por exércitos de egos a abanar a cauda Segredando Falhanço a cada velha lua De sangue – cândido deslizar da ratoeira no açúcar Estalando os caninos, à espera que morda Como um grito nu Num ovo Oco.
3.
Vejo tudo... escuro Branco-Escuro Previsível até... Homogéneo, vingativo, um circo de nazis no armário A reclamar liberdade de expressão para irem pavonear a careca na televisão? Não! Vejo... Precisamos de fechar os olhos para VER Por favor, fechem os olhos comigo! Vá lá, isso mesmo, mantenham-nos bem fechados Isso, deixem que os símbolos do escuro vos dirijam para o futuro. Eu vejo tudo muito violento Mas não consigo não deixar de sentir já Uma enorme saudade desta extinção toda. Porque nós nascemos no paraíso. Somos os Deuses do Olimpo. Quando um fruto está pronto para ser comido ele Cai da árvore na nossa mão como por magia E, no seu centro, palpita uma semente dormente Que recebe a chuva do céu e automaticamente o calor procura o frio E produz-se "O Orgasmo Cósmico" E toca o alarme para dançar E todos uivamos como lobos e águias de mãos dadas Cantando às chamas do sol, Ao sopro das nuvens, às raízes dos pés E aos poços, fontes e oceanos que navegam Por detrás das estrelas dos nossos segredos, por detrás de cada par De Olhinhos Mamíferos Oremos então: Back-up nosso que estais no hard drive, Santificado seja o micro-chip Venha a nós a vossa bitcoin, Assim na terra como na cloud O upgrade para o último modelo de iphone Cria vítimas do seu próprio gps Que mantemos ligado para sabermos a quantas andamos E não termos de abrir uma janela de chat com algum ip desconhecido Que seja em private browsing a vossa pesquisa pornográfica E que a wifi nos livre de virus, hackers ou malware Haja criptografia e publicidade personalizada para todos os meus contactos Ide e fazei share, forward, like e gifs afins Fukushima, Chernobyl, Nagazaki!!!! Acho que estou apaixonado.
4.
No mundo do efémero quem reina É o passageiro No mundo do passageiro quem reina É o chauffeur No mundo do chauffeur quem reina É o transeunte No mundo do transeunte quem reina É a passadeira No mundo da passadeira quem reina É a zebra No mundo da zebra quem reina Quem dispara No mundo do caçador quem reina É a pólvora... Afinal, quem veio primeiro: O cão, o dono... ou a trela? Não acredito em deus, não acredito em dinheiro, Não acredito em pátria, família, genética ou alfabetos, Em hieróglifos, pinturas rupestres ou homens das cavernas, Não acredito em acreditar Muito menos acredito em niilismo, paganismo, anarquia, tusa ou celulite Não acredito no big bang nem em gang bangs, Eu nem acredito que existo e é Por isso que saco selfies todos os dias para me certificar que não desapareci. No mundo dos tolos quem reina É a maquilhagem O palhaço é patrão que é artista, o cowboy prostituto das promessas Que consumimos com o desplante de uma ressaca que não nos pertence, Somos produto e produtor de conteúdo Que compramos e vendemos grátis a nós próprios em live cam Num repuxo de azia on demand Detendo todo o sistema capitalista em dois dedos No indicador e no do meio Sempre a scrollar memo à boss not giving a fuck à espera de que algo faça sentido Tipo gatinhos... No mundo dos gatinhos quem reina São as bolas de pelo Desde que lhes deem uma caixinha onde possam cagar Em relativa privacidade, onde se possam Lavar Com toda a parcimónia de um mundo à beira dum cataclismo ambiental Lavam-se... lavo-me... Adiciono mais um cabide qualquer à minha story de hoje E tou tranquilo, tá tudo, miau.
5.
Há um tempo dentro de um espaço Que talvez se expanda, talvez se contraia Como um coração que prossegue a marcha Contorcemo-nos na sensação do vazio Tipo minhocas furando a terra com a testa à procura de alimento para adormecer, Existe um ciclo neste jogo de sanguessugas E é mito ordem e lei a ser honrada, um tributo às cenouras E à sorte, à nossa frente E dentro de nós, mistérios aos molhes de nós variando de tempo Consoante o sentimento que imprimimos Ao raspar na raspadinha da morte, e na sombra contínua Dessa única expectativa que nos puxa para o precipúcio Aí nasce um novo espaço privado na cidade sensorial, À mão de procrastinar, onde animais esqueceram Que são animais, e Espreitam sorrateiros por debaixo da cortina de fumo Com os incisivos a sangrar cibernética Conspiram como marionetas Sobre como substituir o manipulador pelo narrador... (vestidos de preto, castanho, azul escuro, verde militar e cinzento Pálidos como sofás, magras como bulímicas Vamos à feira passear as nozes E filosofar sobre filhoses A suar solidão em fila indiana Apalpando o frio de outro holograma). Swipe right que é black friday na rat race (jantar ecrãs, lanchar talismãs, almoçar obrigações e natas para a sobremesa Repetindo abominações O santo abcesso hipotecado com cara de cético-apático Perante o mesmo tempo e o mesmo espaço A trespassarmo-nos Com flechas envenenadas de vadia rotina). Vou ao clube de sexo da damaia Com a nova namorada Ela goza e eu choro Como um algoritmo Bem educadinho, Uma máquina esfomeada por remorso, Uma máquina com hérnia discal, Máquinas somíticas de cio, apelido e ciúme Programadas ao imprevisível Na periferia de uma sanita Autómatos desempregados à procura de um propósito Uma colagem míope, um sonho às postas, um primo mais a jeito Uma língua qualquer que mantenha a dopamina à superfície da dívida O carro, o cão, a casa a prestações, Os crustáceos no casamento, as crianças na creche, Um primeiro cigarro atrás do ginásio virou cirurgião, Uma cruz ao peito, um bidon de gasolina, acender um fósforo Tudo cinzeiro Tudo cemitério Um talk show imaginário num teatro psicótico A ser reconhecido por coisas que ainda não queimei A conta da luz Auto-importância 2-Pac "All eyez on me" Tirem-me daqui!!!
6.
Coloco as mãos em forma de prece Enquanto imploro Que chova Inspiração... (ouço uma voz) – Vai desejar alguma coisa? – Já que fala nisso, por acaso vou: Quero gelados grátis, todos os dias Quero... sonhar acordado sem jamais dormir, Quero um touchpad com pause e repeat para relembrar os momentos perfeitos E drag and drop tudo o resto para o lixo ou fast forward nessa merda toda – Vai desejar fatura? – Claro! Quero passar fatura à minha certidão de nascimento, À corrupção canalizada, ao cancro na comida, Aos escravos invisíveis que respiram ainda Dentro de cada nova peça de já obsoleta tecnologia, Descontar na taxa de existência, No órgão-cidadão das fraldas ao caixão Com números na testa, números no banco e números no coração, Na estupidez estandardizada que deturpa a inocência E até a pedofilia comercializa Sobrevivemos em zoológicos de inveja, paranoia E brindes de submissão ao sistema saloio que nos sustém Mastigando sem saborear. O que é que há de tão verde num recibo? Quero reter na fonte O medo que tenho de não ser capaz De abraçar o meu pai e dizer-lhe que o Amo E obrigado e desculpa e ponto parágrafo Travessão – Isento de Eu, isento de reflexo, mas sim encharcado em epifanias de empatia Da ponta dos cabelos às unhas dos pés a sentir real FELICIDADE – E já conhece o nosso pacote com descontos especiais para sócios e sorteios milionários ao longo do ano? (suspiro) Como posso não querer conhecer, Enriquecer / enlouquecer, aproveitar as migalhas todas deste momento Se não passo de um número, 12613290 com pulsação Sedento por ver, ouvir, escrever, ser cronometrado, ultrapassar o tempo, Entrar em pânico, olhar para ambos os lados E ser atropelado.
7.
Ouço... um motor... é o motor de um carro a trabalhar dentro duma garagem fechada enchendo-se de estupido fumo. Molha-me... tenho o corpo todo molhado num banho de imersão de navalhas. Pratico... dou workshops de fazer o garrote do enforcado nos atacadores. Sobra-me... aquele olhar imóvel, mas esperançoso, fantasiando com avarias pela coxia da janela de mais um avião. As suas últimas palavras forma uma provocação: - Podemos ver um filme juntos esta noite? - Tás louca? E fecho a porta do sótão com a brutalidade do ultimo prego de uma vala comum num caixão encaracolado. Não reajo bem a ultimatos. Ver um filme o caralho. Queres amar-me. No meu quarto a vida cheira a ácido plástico queimado como um ritual de passagem marciano. O seu sorriso pela escada abaixo persegue-me como uma criança apaixonada por levar porrada agora morta foi impressa em todos os cantos da memória sem luz como um convite ao colinho do professor. Amor? Nem morto. Serro os canos e disparo um quilo de confetti's nos cornos porque tudo se perde e nada se transforma mas tenho mais coisas a fazer que discutir sobre adereços pena que não gostes da minha auto-estrada, vou acelerar. "Like the deserts miss the rain, and I miss youuu..."
8.
Imune à passagem da vida, passeando com uma imbuída tendência por querer ser visto na minha vergonha e no meu exagero, amiúde a um canto invisível num palco enorme, afónico perante um microfone em mute (3,2,1 teste) a paranoia das possibilidades preenchem-me com mariscadas de sussurros e suposições em corações que não consigo cumprir à fome de talvez cada convite ser recebido como um caroço num refrão infinito em direção ao ...king of the bongo, king of the bongo, hit me when i come baby king of the bongo, king of the bongo, hit me when i... a batucar no soalho dos olhos com gritos que não pausam o tempo a observar os ponteiros à queima da participação num rodeo de rodeios para que nunca me inscrevi mas fui convidado e vou porque me pagam as despesas para me porem de quatro à frente da jukebox e se sodomizarem ao microscópio académico e só posso querer que me vejam sofrer enquanto odeio o próprio reflexo que exporto e porquê? Metade de vocês já sente pena alheia pela paciência do meu psicólogo mas o vosso voto é-me inevitavelmente indiferente porque estou protegido pelo Palco e pelo seu piloto automático Escrevo para me matar porque existo num espaço determinado que nem compreendo, é morse code urbano ocupando a ausência como mel entre corpos sonhados por letras que se digerem em default pelo mofo dos dias e não servem de abraço ao serem interpretadas pelo desespero conjunto de uma condição alienígena acertei? Sobre desistentes desexistindo... Já tentei tudo e nada resulta, às vezes divirto-me, mas estava bêbado, já me deram prémios, ouvi dizer, já doei esperma, já comi do lixo, tomo drogas porque não há nada melhor que fazer por aqui mando rapidinhas com tinder dates dentro do confessionário da sé de lisboa e sinto-me completo atrás das grades de um perigo previsível como água da chuva paga a cupões strike a pose sou lágrima num iceberg a fazer de conta que não conhece a diferença entre desaparecer e pertencer.
9.
17h30, Alfredo da Costa, planeadíssimo, 9 meses em cheio, 2 kilos e 900 gramas, aos 3 anos perguntaram-me se queria um gato ou um irmão respondi gato, não tive nenhum era fim de novembro Dei o nome à minha avó, a minha primeira palavra inventada foi Abelhá. Morreu tinha 13 e jamais amarei depois disso, não existia, deu tudo para servir o marido, as filhas e os netos quando deixou de ter utilidade o coração literalmente explodiu passou a tarde toda a ignorar um enfarte como se fosse uma comichão, deram-lhe uma aspirina até ser tarde demais, em comparação, não passamos de uns egoístas nojentos Fui criado ateu e agora sou agnóstico graças a todos os ácidos que já mandei, heroína jamais, e também não gosto de coca acabo sempre a noite numa casa de banho pública a falar com um estranho sobre a minha infância, em criança fantasiava em esfaquear polícias ao acaso na rua mas acho que as duas coisas não estão relacionadas a classe média não tem direito a estar deprimida, tem o dever de pagar impostos e ser feliz, porra para a burguesia a pobreza é um desporto radical na faculdade não fodi com ninguém durante 3 a 5 anos, depende a quem perguntes, hoje o sexo já é semi-frequente mas farto-me rapidamente, um misto entre escape e tarefa, nunca tive uma relação de verdade e já fui dezenas de vezes às putas mas arranjo sempre uma desculpa para fugir de lá antes do princípio já agora, amo fazer listas, sou uma pessoa organizadíssima, já fui atropelado por um autocarro, já desci nos carris do elevador da bica em cima de um caixote do lixo, já caí duma ambulância em movimento, já fui preso por ser cleptomaníaco inúmeras vezes e raptado por uma milícia islâmica, uma vez, tenho uma playlist pronta para o meu funeral tenho saudades de momentos que desconheço sou filho único mas não estou triste, sou uma privilegiado de merda, só sinto tristeza de nunca ter passado fome de verdade não mereço nada disto mas gosto de arte é o que me vale sou um ganda artista com todo o pedantismo e paternalismo que acarreta essa palavra, estou à venda compra-me não sou circuncisado corto o meu próprio cabelo faço umas omeletes decentes tenho baixíssimas expectativas da vida e quase nenhuma noção do ridículo adopta-me quero ser o teu anão arranja utilidade para esta bolinha de carne nunca tirei a carta falo cinco línguas tenho uma boa cultura musical decoro o nome de todos os atores e já tive muitos sonhos que nunca se concretizarão sou medroso, mas teimoso tenho uma integridade de suicida e a última vez que senti alguma coisa era um fungo a alastrar-se na virilha quantos queres? eu pago-te para que me leves contigo para as filipinas, para longe desta caverna friorenta às apalpadelas na minha cabeça masturbando-me à deriva a patinar na maionese barrando-me com coitos interrompidos sarcasmo adolescente e esmegma ralado a sorver caracóis na sua conchinha televisiva como um primeiro beijo num cliché do caralho.
10.
estou sempre a correr e estou sempre atrasado para encontros que criei e a que não quero comparecer, mas como é que pode ser? correr tão rápido e estar sempre atrasado, lavo-me visto-me chego antes de imaginar que lá estou, falo, não me reconheço, reconheço rotundas a fazerem-se passar por encruzilhadas de momentos de que já me arrependi e apresso-me como um doido retardado ao destino que me escapa e páro e entreolho e repito como um doido a discorrer por entre ruínas de catedrais reconstruídas pela falsa misericórdia de milionários reparo-me a arder para pedras com pedidos e achados que sejam reconhecidos como monumentos que desconstruo e rezo e repito ao espírito no cerne de um berço bulímico ajoelho-me com a face estendida num charco utilitário comovo-me absorto do sentido do mundo que pretendo que compreendo andando às voltas num semicírculo incompleto que amo e a máquina que mantém o cadáver em suspensão quer-se desligar porque não foi pré-pago pelo monstro amorfo do próximo desejo perdido que nos alimenta com a morte.
11.
Somos comparadores Macacos de imitação Já ouço as palmas ao fundo A festejar um dado adquirido Passarinhos recolectores Fazendo o Ninho Para proteger o destino Da eterna corrente De mais gente alugando tempo à morte Peixinhos magrinhos Abanando as caudinhas À procura de algo fermentado Que não se esqueça do que está para vir Frango no churrasco! Afogado em plástico Com um maremoto como plafond Enquanto um satélite bate uma Burn out com asas Chop sueys de estatísticas e A cara encravada de um chip malpassado Olhando se ao espelho E navegando no sonho De gatas, a fazer o pino Já nos gravámos ao tédio No ginásio, na sauna e no parlamento O que não sobra é tempo E vai dar ao mesmo À priori, dá para contemplar Uma oportunidade perdida à partida e É conveniente Matar-me e descobri que existia lá ninguém Para além da ideia que tenho de mim Mãos juntas ao centro! Ter tusa é apropriação cultural E qualquer opinião É copy paste And it's like that, That's the way it is Just like... That. That is the way que foi escrito E se não te lembras de quando não existias porque tens tanto medo do que Está para se vir depois da morte? Direito à imagem? Falemos do dever de nos darem um número à nascença, Admite que nada foi. Sempre. assim E nada nunca será o mesmo Porque tudo continua numa direção que também não existe Com a mente em headbanging A fazer de metrónomo enquanto O corpo Não passa da torre do tombo Em vésperas de casamento Admite A luz ao fundo túnel talvez seja um farol A avisar-nos Para voltarmos para trás Talvez seja teatro E talvez a poesia seja a sarna Que acumulei Noutra viagem qualquer Às 4as feiras é tudo um teste e Às 5as é provavelmente uma coincidência Engulo tulipas escrevo poemas E arroto de propósito Já nos aproximámos Do criador Já nos comparamos à sua fotografia e E reproduzimo-nos Em homenagem ao inefável: À Máquina da Interpretação Juntem as mãos ao centro Batam palmas, cocem a cabeça, bocejem E repitam comigo: Isto é tudo o que alguma vez seremos... Meus lindos... macaquinhos de imitação.
12.
Folheio a cara séria das fotografias velhas de familiares mortos, cheira a azedo o gosto azul de mais um aniversário animado numa casa branca cuja calma me corta às postas. Vai tudo desaparecer, vazio cá dentro, vazio lá fora, espasmos de entretanto ardem no ártico enquanto neva na Bolívia e sopra um vento ligeiro na ala de oncologia de mais um amanhecer a tempo e a horas numa prisão fronteiriça. Pois vivam os genéricos e todos os momentos que perderemos uns pelos outros (fade in, fade out) Viva quem assassina ambientalistas indígenas, quem pega fogo ao próprio planeta em troca de um Porshe melhor! Viva quem não se vacina e quem acredita que vivemos num tabuleiro de xadrez! Viva quem se ama tanto ao ponto de ver o próximo como uma cópia medíocre de si próprio! Viva o 5G e viva quem controla a produção, tráfico e desperdício de mais desalmados objetos perfeitamente insignificantes! Viva quem paga à Líbia para que pretos e árabes higienicamente se afoguem sem um som! Viva para quem toda a queixa de uma mulher seja descontrolo hormonal e para que os impostos dos pobres continuem a ser desfalcados na manutenção e estabilidade de uma ilusão antropocêntrica! O poeta esse, é imutável, e o seu poema é o choro da febre na terra, é memória de uma origem impecável, é o candelabro suspenso por uma fome selvagem, é rima binária que se retroalimenta pela energia da paixão de não sabermos o que vem a seguir à miragem no horizonte da mente fechada, jogando à apanhada com sombras de palavras a bold nos nossos intestinos de ideias frágeis, ideias nuas, ideias ingénuas, sensuais e monarcas... tão bíblicas como enfiar a mão, a língua ou o falo dentro da alma de alguém e ver o monumento da morte macaca nos olhos da tempestade oceânica chegando-se perto... a sussurrar.... Vem-te, Vem-te comigo, Vem-te comigo bebé, Isso, Vem-te! Com toda a força, Vem-te comigo vem e Leva-me contigo nesse trampolim idílico quando saltamos tão alto que ficamos... estáticos, sem contacto com a condição do chão, num torpor vibrador de céu a contemplar a criação e a sua destruição, outra orquestra, para o meu egoísmo sobrelotado 69x PARABÉNS A VOCÊ!!! Por quem se matou mas sobreviveu e se reanimou, quem se escreveu e sacrificou e não publicitou uma poesia imune às ausências da vida mas entrega Sim uma poesia íntegra e débil, à espera que o Nada orgástico nos engula por completo os sonhos, as saudades e os micro plásticos. O tributo humano às estrelas canibais de um deus melhor.
13.
Bom dia mentira, boa tarde simulacro e Boa noite sociedade do sovaco, Alguém que não esteja recenseado E se queixe que quem vota é carneiro? Cunhal, Cavaco, Cristas, isso é tudo igual, Até percebo essa teimosia idealista Quase elitista, Mas não a respeito, Porque quando vão ao cinema também Compram pipocas e mandam coca na casa de banho, somos anarcas quando estamos de folga E cagamos nas migalhas ecológica Que pregamos ser zero contra um sistema Tão sujo quanto um anjo com leucemia A rejeitar um transplante de medula, Eu não conheço ninguém que esteja imune ao pequeno almoço, Basta ler o título e share it now, Ativistas do hashtag diagnosticando A extinção de um capitalismo Que nos amamenta como uma ampulheta chinesa Em prol de uma coletiva punheta marxista Uma teoria falhada tão antiga Quanto a última pessoa viva Que sem um excel e grupos de afinidade Ninguém decide quem lava os pratos manhana manhana... Consenso jamais, Bóra afundar num estranho loop De culpabilidade transpessoal, Na ilha da minha charada dogmática Toda charrada num vão de escada Em Almada. Porque até rimava. Margem 'deixem-se todos de merdas' hardcore, Vocês nunca fizeram nada de hardcore, Isto só é literal se se identificarem, Isto é um insulto e um suicídio Um felizmente há tornado greenwashed Com as páginas todas peganhentas De lágrimas e suspense online, Cada um de nós a violar a greta mais a jeito, A criticar filmes que nunca fará, Concertos que nunca dará, Peças a que nunca se atreveria E livros que nem sonharia, Na sua trincheirinha opinativa À espera do gatilho sagrado Que ofenda o Harry Potter, a Frida Kahlo, Aquele nojo da guerra dos tronos, Ou ginger killers melancólicos, ou Racial tokens perdidos numa simulação sem sentido Ou um professor careca Com uma ganda estaleca pá meta-anfetamina, Ou a ciência, que só sabe que não tem a certeza, Os nossos heróis são criminosos psicopatas. É tudo fumaça, tudo simplificado a um emoticon, Tudo num rótulo ilegível, tudo catalogado de "será que", tudo Chemtrails, tudo Illuminati, Tudo borbulha imobiliária pop, Tudo uma questão de afinar a pontaria dos drones em escolas de miúdas com toalhas na cabeça, no pasa nada, é montagem, Antes sequer de acontecer já nasceu A Hiper normalização da sua contradição, Uma conspiração tipo Cambridge Analytica, Mais outra humilhação com alguma piada Para sempre esquecida, para sempre perdoada, If you didn't post it, it didn't happen. Dá-me lume No espectro de um cancro no correio Mais vale uma bala na tromba Que uma má avaliação no airbnb E um Uber para a morgue sff Que este couchsurfer não vai renovar a corrida. Chega? Chega o Caralho! Vou para a penthouse dum hostel hebraico Estimular o algoritmo e trollar o logico Porque só vemos o que queremos ver Não sabemos o que aconteceu antes As notícias são todas mentira Os políticos são todos corruptos Existe bar aberto depois da morte Que agradece a tua abstenção Só fodo em one night stands Para evitar namorar fantasmas.
14.
Ninguém quer ter filhos e Anda tudo a namoriscar a medicação Para sobreviver Ao terror kitsch da 6a extinção em massa, Borderline bipolar aspergers ocd adhd ptsd Chega de receitar diagnósticos Procrastinando contra possíveis aliados Mas apanhando com strap on do "inimigo" Porque nada é melhor que um pouco de Raiva e porrada na cama não acham? Nazis sabem comer cu como ninguém. Daí o swipe right para o carnal E o swipe left para mesquinhices regionais, Trivialidades do ego intelectual, Aquela estatística ambiental sobre as abelhas Que me deixa toda molhadinha No que virá a ser um revenge porn viral, Saca print, divided we stand, divided we fall, and I guess that's alt-right? Putaria reprimida, moralidade alimentar E dá match contra as palhinhas de plástico, Olé, karma imaculado, olé tomate cherry bio Aquela bomba nutricional, olé toiro torturado Num espetáculo medieval No tal canal estadual, Enquanto eu googlo Será que esta ketamina é vegan? Todos nos insultamos facilmente né Todos se atacam e magoam diariamente Todos falamos nas costas do amigo ausente né Todos se maquilham de heróis nas bolhas sociais em crónicas da perseguição medíocres, somos todos uns hipócritas presunçosos rock n roll wannabe influencers gintrificados, com a identidade toda estilhaçada A surfar uma ilusão alicerçada em inveja de classe Por overdoses de estilo Do Robert de Niro à Teresa Guilherme Somos todos filhos de canibais, With the finger on the mirror: You talking to me? Se a tua vida depende da aprovação Duma antropoesfera atrofiada, Compra um ad para os teus sonhos Com sex workers cheias de olheiras Num jacto alugado que nunca levantará voo A beber espumante em slo mo, acende uma vela, tinta que brilha no escuro, desenha linhas índias na cara com menstruo, faz uma coreografia da Beyoncé e chama-lhe empoderamento (Ou impeachment, já agora) Caga mija dorme come fode bebe morre, cuz The best you can good enough Na era da irrelevância A distopia é novo sexy A minha liberdade de expressão termina Onde começa a liberdade do próximo Expressar a sua liberdade de se ofender? Tomar comprimidos contra o sintoma Recalcando tanto a raiz do problema Quanto coloca os traumas num pódio E projetá-los em cima do novo culpado Será a santa empatia uma saída fácil Para a apatia política Só o teu umbigo Não é político o suficiente, para mim. Talvez os nossos proto-netos Se suicidem pela displicência, Pelo excesso e pela petulância Destas cegas raves gourmet, Castelos de areia neoliberal, Fracking anal marked as safe e smartwatchs com cum shots À medida do kink do freguês. Que Sa foda, tá tudo aos abutres Que nem sequer sabem que existimos Eu Confesso: Ri-me alto no 11 de setembro E o Charlie Hebdo também tava mesmo a pedi-las, E então? Aponta para o coração e dispara! Ou faz unfollow no face Que é mais pratico e ninguém repara.
15.
ela refaz-se num roteirista ex-heroínomano da Globo, daqueles que já teve no topo e agora é isto e terá sempre saudades do sabor daquela seringa suja na virilha 101 tipo hollywood no death row de um canil em buenos aires a lecionar a partir de um pódio de ossos roídos sobre ciúme e ecos de possessão híbrida e um sem fim de teorias desesperadas, fogo de vista, brochante, mais dois anos de utopia pró matadouro é tudo um filme com a mesma personagem apaixonada pelo novo reflexo de curcuma e cú único remetente de toda a comida e de toda atenção se tiveres acordado tu hoje, morre longe lá dentro, só fumo e um alarme condicionado que faz um burburinho quase excitante porque é tudo o que sobra de sonhos insatisfeitos uma maravilhosa ex-fêmea ampulheta embrutecida por um sucesso de self fulfiling prophecies infantis e uma falsa migalha do condomínio com cancela de urtigas é improvável que saia da cepa torta esperançosa em casar e ser princesa como num romance do jorge amado, onde todos vivem afogados há doenças de que chegamos a sentir pena de perder sintomas por pelo menos termos sentido qualquer coisa, não é o caso, alfa bitch diz qué do tantra, não passa duma junkie de orgasmos ao espelho vazio, deita aqui e transforma-te em mim, de feminista só dás bom uso à teia aranha esclavagista, elitista, cis hétero e sociopata touchè amore mio.
16.
Detest such insanity: They cease to be human in a shrug And consume my soul like a match That forever burns my dry remains, I hear footsteps, cannot focus, Swim in the Nile and prevail mad, Make-up turned aside through These eyes, all those fat lips, Who and why not, mind hacked, Must find a way to remember How to sleep awake and deny The imagery of the dead. Now I see the fright – Am I disturbing, should I leave them To play with unannounced violence For a scheduled defeat? Smoke more, drink absolutely Every thing And see god On inverted reflections of ash, Will always come back, Don’t want to stand still, Nobody has a shadow any-more And the truth tic tac’s away Face to face against mass With the sketch of a silent Lonely trail of bones. We will (yes we will) She – The wolf bomb sister Massive magic what link – He Will be a misconception Of a fallen apart pentagram Coming into blossomed nest, Meaning? (it) Excerpt from the 2014 poetry book titled: "Nanospiral vortex with a continuous supersymmetric inner spin recording over itself at a delayed vibratory loop that cosmically simulates epistemological glances of mirrored metahunches imprinted as empty noise in the void for an imaginary brunch on a parallel punchlime at the ephemeral dance of motherly light and divine interpretation" available for download here: https://www.bubok.pt/livros/10866/NANOSPIRAL-VORTEX---2012-2014

about

Songs harvested under the 2021 lockdown.
Each song artwork from the "Francine" collage series between myself and César David Sousa.

Album comprised of 15 texts from João Meirinhos' pandora horse vomitorium got send for a trip around the globe and came back all grown up and mutated in 20/21 by utterly talented musicians eager to manifest the ripe metabolic fruits of their synesthetic bunkers all over my acid jelly gibberish spam of a poetry + one bonus track done at a distance in collaboration with metalhead mastermind Lou Kelly.

The circus came to town and oh boy, who knew dinosaurs wore feathers as evolutionary fashion accessories. Task managed.

Why am I thinking in English? The album is all in Portugeezer.
Swim Swam Puke. Free Fall.
NAMU AMIDA BUTSU.
One Marble = Vision vision vision.

Robert Heinlein disse que:
- "A obscuridade é o refúgio da incoerência"

credits

released November 25, 2021

Track 1 produced with Tangerina Atómica and mastered by Yoroshiku
- soundcloud.com/atomic_tagerine-166866591

Track 2 produced by Yoroshiku
- soundcloud.com/yoroshikupt

Track 3 produced by MC Santiago
- mcsantiago.bandcamp.com

Track 4 produced by Camplaix
- soundcloud.com/camplaix

Track 5 produced by Nuno Piteira
- soundcloud.com/eco-drums-lab

Track 6 produced by Violeta Lisboa
- www.facebook.com/technowidowow/

Track 7 produced by JC Lopes
- jclopes.bandcamp.com
With guest performance by Madz
- www.instagram.com/madzbeatz0/

Track 8 produced by David Fedele
- david-fedele.com

Track 9 produced by Martim Pocinho
- www.facebook.com/SoulBananas/

Track 10 produced by CTHULU
- www.youtube.com/c/ArtFusionTV

Track 11 produced by Molly Taylor (MET)
- soundcloud.com/metartistofficial/

Track 12 produced by Ian Costabile
- artlyra.com/iancostabile/art/

Track 13 produced by Fritz Lindner
- askmybull.bandcamp.com/album/creature

Track 14 produced by Mango Thomas
- www.mangothomas.com

Track 15 produced by Farta Brutos + Philippe Neau + Okapam Family
- soundcloud.com/estrelafreeimprovcollekt

Sufus - sufushufus.bandcamp.com
Gonça - www.youtube.com/watch?v=yvaroItRGqc
Okapam Family - www.facebook.com/alfredo.magalhaesjunior
Philippe Neau - bird field recordings - philippeneau.blogspot.com

Track 16 (bonus) produced by Lou Kelly
- ltkmusic.bandcamp.com

All texts written in 2019 by João Meirinhos (aka me), except the Lotus Track written in 2013 during my Manchester poetry years.
All rights were wired & went out to buy some cigarettes.

Thank you friends


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ESMEGMA JAZZ Kilimanjaro, Tanzania

Average domesticated primate João Meirinhos & his meta-selves post colonoscopy scrutiny fartalizing source consciousness toxic relics ghostporn serious moonlight addictive vivisection squirting opera psychedelic envy heartless avocado smashers sturdy male rock of certainty planetary sexting karamellow koala naked omelet black carapau junkygasm cyber-shoe nasty anal astralsluts nihilism per capita. ... more

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