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1. |
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ACORDA CRESCE DESAPARECE
NASCE MATA MÓI,
OLHA ESPREGUIÇA VOMITA
FALA GRITA DESTRÓI,
CORRE FODE MEDITA,
ESTICA INALA DÓI,
LUTA CURA ESTÚPIDA
IMITA FOGE TOY,
TROPEÇA RESPIRA EVITA
ESPERA SORRI CORRÓI,
INSISTE RESISTE DESISTE
ENGOLE ESSA MEU HERÓI,
CHORA REZA SUFOCA
VAI À PRAIA HESITA DESPE-TE VEM-TE &
CONTINUA E CONTINUA E CONTINUA...
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2. |
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Foda-se!
Pó caralho com o café pingado, abatanado, meia de leite e carioca com limão
Pó caralho com os biscoitos aos quadradinhos de chocolate
Embalados por chineses cegos de cacau doce
Que nunca provarão... LEIA-SE:
“BIS-COITOS”
Bis-Coitos!
Foder outra vez, foder novamente,
Foder foder foder foder foder e foder até cair para o lado,
Só servimos para nos fodermos uns aos outros,
Somos caixas automáticas de fazer foda
E fingir que falamos de política e ecologia
De caralho teso e ratinha húmida
Não me fodam seus punheteiros do patriarcado
A babarem-se por vir-se saciar cá dentro
Com aquela mão peluda a agarrar com força o cachaço
Masturbando-se no escuro da história
Ao deitar e antes de ir trabalhar, para relaxar,
Existe um espinho na nossa raça-roça
E mete nojo porque delimita o universo
À palma de uma débil esporradela
Sem jeito, sem classe, torta, fraquita, gratuita
Como o homofóbico homosexual que é contra o aborto
Chicoteando-se ao espelho
Enquanto pede perdão a homens brancos imaginários
Jogando às escondidas
Com os próprios traumas no atrelado
Todos diferentes, todos iguais, a queca é a linguagem global e
Que se foda a arte e colonizar marte
O papá quer é cona nova todo o santo dia para
Apagar a própria memória de seguida
Vivendo eternamente falsamente apaixonado
Pela iminente conquista da próxima mama
ELE
O caçador falo-protuberante
Infantilizado pelo privilégio
Competindo como um galo dentro de um relógio viciado
ELA
A feiticeira ao serviço do motivo
Com um ninho na barriga invadida
Por exércitos de egos a abanar a cauda
Segredando Falhanço a cada velha lua
De sangue – cândido deslizar da ratoeira no açúcar
Estalando os caninos, à espera que morda
Como um grito nu
Num ovo
Oco.
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3. |
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Vejo tudo... escuro
Branco-Escuro
Previsível até...
Homogéneo, vingativo, um circo de nazis no armário
A reclamar liberdade de expressão para irem pavonear a careca na televisão?
Não! Vejo... Precisamos de fechar os olhos para VER
Por favor, fechem os olhos comigo!
Vá lá, isso mesmo, mantenham-nos bem fechados
Isso, deixem que os símbolos do escuro vos dirijam para o futuro.
Eu vejo tudo muito violento
Mas não consigo não deixar de sentir já
Uma enorme saudade desta extinção toda.
Porque nós nascemos no paraíso.
Somos os Deuses do Olimpo.
Quando um fruto está pronto para ser comido ele
Cai da árvore na nossa mão como por magia
E, no seu centro, palpita uma semente dormente
Que recebe a chuva do céu e automaticamente o calor procura o frio
E produz-se "O Orgasmo Cósmico"
E toca o alarme para dançar
E todos uivamos como lobos e águias de mãos dadas
Cantando às chamas do sol,
Ao sopro das nuvens, às raízes dos pés
E aos poços, fontes e oceanos que navegam
Por detrás das estrelas dos nossos segredos, por detrás de cada par
De Olhinhos Mamíferos
Oremos então:
Back-up nosso que estais no hard drive,
Santificado seja o micro-chip
Venha a nós a vossa bitcoin,
Assim na terra como na cloud
O upgrade para o último modelo de iphone
Cria vítimas do seu próprio gps
Que mantemos ligado para sabermos a quantas andamos
E não termos de abrir uma janela de chat com algum ip desconhecido
Que seja em private browsing a vossa pesquisa pornográfica
E que a wifi nos livre de virus, hackers ou malware
Haja criptografia e publicidade personalizada para todos os meus contactos
Ide e fazei share, forward, like e gifs afins
Fukushima, Chernobyl, Nagazaki!!!!
Acho que estou apaixonado.
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4. |
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No mundo do efémero quem reina
É o passageiro
No mundo do passageiro quem reina
É o chauffeur
No mundo do chauffeur quem reina
É o transeunte
No mundo do transeunte quem reina
É a passadeira
No mundo da passadeira quem reina
É a zebra
No mundo da zebra quem reina
Quem dispara
No mundo do caçador quem reina
É a pólvora...
Afinal, quem veio primeiro:
O cão, o dono... ou a trela?
Não acredito em deus, não acredito em dinheiro,
Não acredito em pátria, família, genética ou alfabetos,
Em hieróglifos, pinturas rupestres ou homens das cavernas,
Não acredito em acreditar
Muito menos acredito em niilismo, paganismo, anarquia, tusa ou celulite
Não acredito no big bang nem em gang bangs,
Eu nem acredito que existo e é
Por isso que saco selfies todos os dias para me certificar que não desapareci.
No mundo dos tolos quem reina
É a maquilhagem
O palhaço é patrão que é artista, o cowboy prostituto das promessas
Que consumimos com o desplante de uma ressaca que não nos pertence,
Somos produto e produtor de conteúdo
Que compramos e vendemos grátis a nós próprios em live cam
Num repuxo de azia on demand
Detendo todo o sistema capitalista em dois dedos
No indicador e no do meio
Sempre a scrollar memo à boss not giving a fuck à espera de que algo faça sentido
Tipo gatinhos...
No mundo dos gatinhos quem reina
São as bolas de pelo
Desde que lhes deem uma caixinha onde possam cagar
Em relativa privacidade, onde se possam
Lavar
Com toda a parcimónia de um mundo à beira dum cataclismo ambiental
Lavam-se... lavo-me...
Adiciono mais um cabide qualquer à minha story de hoje
E tou tranquilo, tá tudo, miau.
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5. |
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Há um tempo dentro de um espaço
Que talvez se expanda, talvez se contraia
Como um coração que prossegue a marcha
Contorcemo-nos na sensação do vazio
Tipo minhocas furando a terra com a testa à procura de alimento para adormecer,
Existe um ciclo neste jogo de sanguessugas
E é mito ordem e lei a ser honrada, um tributo às cenouras
E à sorte, à nossa frente
E dentro de nós, mistérios aos molhes de nós variando de tempo
Consoante o sentimento que imprimimos
Ao raspar na raspadinha da morte, e na sombra contínua
Dessa única expectativa que nos puxa para o precipúcio
Aí nasce um novo espaço privado na cidade sensorial,
À mão de procrastinar, onde animais esqueceram
Que são animais, e
Espreitam sorrateiros por debaixo da cortina de fumo
Com os incisivos a sangrar cibernética
Conspiram como marionetas
Sobre como substituir o manipulador pelo narrador...
(vestidos de preto, castanho, azul escuro, verde militar e cinzento
Pálidos como sofás, magras como bulímicas
Vamos à feira passear as nozes
E filosofar sobre filhoses
A suar solidão em fila indiana
Apalpando o frio de outro holograma).
Swipe right que é black friday na rat race
(jantar ecrãs, lanchar talismãs, almoçar obrigações e natas para a sobremesa
Repetindo abominações
O santo abcesso hipotecado com cara de cético-apático
Perante o mesmo tempo e o mesmo espaço
A trespassarmo-nos
Com flechas envenenadas de vadia rotina).
Vou ao clube de sexo da damaia
Com a nova namorada
Ela goza e eu choro
Como um algoritmo
Bem educadinho,
Uma máquina esfomeada por remorso,
Uma máquina com hérnia discal,
Máquinas somíticas de cio, apelido e ciúme
Programadas ao imprevisível
Na periferia de uma sanita
Autómatos desempregados à procura de um propósito
Uma colagem míope, um sonho às postas, um primo mais a jeito
Uma língua qualquer que mantenha a dopamina à superfície da dívida
O carro, o cão, a casa a prestações,
Os crustáceos no casamento, as crianças na creche,
Um primeiro cigarro atrás do ginásio virou cirurgião,
Uma cruz ao peito, um bidon de gasolina, acender um fósforo
Tudo cinzeiro
Tudo cemitério
Um talk show imaginário num teatro psicótico
A ser reconhecido por coisas que ainda não queimei
A conta da luz
Auto-importância
2-Pac
"All eyez on me"
Tirem-me daqui!!!
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6. |
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Coloco as mãos em forma de prece
Enquanto imploro
Que chova Inspiração...
(ouço uma voz)
– Vai desejar alguma coisa?
– Já que fala nisso, por acaso vou:
Quero gelados grátis, todos os dias
Quero... sonhar acordado sem jamais dormir,
Quero um touchpad com pause e repeat para relembrar os momentos perfeitos
E drag and drop tudo o resto para o lixo ou fast forward nessa merda toda
– Vai desejar fatura?
– Claro! Quero passar fatura à minha certidão de nascimento,
À corrupção canalizada, ao cancro na comida,
Aos escravos invisíveis que respiram ainda
Dentro de cada nova peça de já obsoleta tecnologia,
Descontar na taxa de existência,
No órgão-cidadão das fraldas ao caixão
Com números na testa, números no banco e números no coração,
Na estupidez estandardizada que deturpa a inocência
E até a pedofilia comercializa
Sobrevivemos em zoológicos de inveja, paranoia
E brindes de submissão ao sistema saloio que nos sustém
Mastigando sem saborear.
O que é que há de tão verde num recibo?
Quero reter na fonte
O medo que tenho de não ser capaz
De abraçar o meu pai e dizer-lhe que o Amo
E obrigado e desculpa e ponto parágrafo
Travessão –
Isento de Eu, isento de reflexo, mas sim encharcado em epifanias de empatia
Da ponta dos cabelos às unhas dos pés a sentir real FELICIDADE
– E já conhece o nosso pacote
com descontos especiais para sócios
e sorteios milionários ao longo do ano?
(suspiro)
Como posso não querer conhecer,
Enriquecer / enlouquecer, aproveitar as migalhas todas deste momento
Se não passo de um número, 12613290 com pulsação
Sedento por ver, ouvir, escrever, ser cronometrado, ultrapassar o tempo,
Entrar em pânico, olhar para ambos os lados
E ser atropelado.
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7. |
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Ouço... um motor...
é o motor de um carro a trabalhar
dentro duma garagem fechada
enchendo-se de estupido fumo.
Molha-me... tenho o corpo
todo molhado
num banho de imersão
de navalhas.
Pratico... dou workshops
de fazer o garrote do enforcado
nos
atacadores.
Sobra-me... aquele olhar imóvel,
mas esperançoso,
fantasiando com avarias
pela coxia da janela de mais um avião.
As suas últimas palavras forma uma provocação:
- Podemos ver um filme juntos esta noite?
- Tás louca?
E fecho a porta do sótão com a brutalidade
do ultimo prego de uma vala comum num caixão encaracolado.
Não reajo bem a ultimatos. Ver um filme o caralho.
Queres amar-me.
No meu quarto a vida cheira a ácido
plástico
queimado
como um ritual de passagem
marciano.
O seu sorriso
pela escada abaixo
persegue-me
como uma criança apaixonada por levar porrada
agora morta
foi impressa
em todos os cantos da memória sem luz
como um convite ao colinho do professor.
Amor? Nem morto.
Serro os canos e disparo
um quilo de confetti's nos cornos
porque tudo se perde e nada se transforma
mas
tenho mais coisas a fazer
que discutir sobre adereços
pena que não gostes da minha auto-estrada,
vou acelerar.
"Like the deserts miss the rain, and I miss youuu..."
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8. |
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Imune à passagem da vida, passeando
com uma imbuída tendência por querer ser visto
na minha vergonha e no meu exagero,
amiúde a um canto invisível num palco enorme,
afónico perante um microfone em mute
(3,2,1 teste)
a paranoia das possibilidades
preenchem-me com mariscadas
de sussurros e suposições
em corações que não consigo cumprir à fome de talvez
cada convite ser recebido como um caroço
num refrão infinito em direção ao
...king of the bongo, king of the bongo, hit me when i come baby
king of the bongo, king of the bongo, hit me when i...
a batucar no soalho dos olhos com gritos
que não pausam o tempo
a observar os ponteiros
à queima da participação
num rodeo de rodeios para que nunca me inscrevi
mas fui convidado e vou
porque me pagam as despesas
para me porem de quatro à frente da jukebox
e se sodomizarem ao microscópio académico
e só posso querer que me vejam sofrer
enquanto odeio o próprio reflexo que exporto
e porquê?
Metade de vocês já sente pena alheia
pela paciência do meu psicólogo mas
o vosso voto é-me inevitavelmente indiferente
porque estou protegido pelo Palco
e pelo seu piloto automático
Escrevo para me matar
porque existo num espaço determinado
que nem compreendo, é morse code urbano
ocupando a ausência como mel entre corpos sonhados
por letras que se digerem em default pelo mofo dos dias
e não servem de abraço
ao serem interpretadas
pelo desespero conjunto de uma condição alienígena
acertei? Sobre desistentes desexistindo...
Já tentei tudo e nada resulta,
às vezes divirto-me, mas estava bêbado,
já me deram prémios, ouvi dizer,
já doei esperma,
já comi do lixo,
tomo drogas porque não há nada melhor que fazer por aqui
mando rapidinhas com tinder dates
dentro do confessionário da sé de lisboa
e sinto-me completo atrás das grades de um perigo
previsível como água da chuva paga a cupões
strike a pose
sou lágrima num iceberg
a fazer de conta que não conhece a diferença
entre desaparecer e pertencer.
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9. |
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17h30, Alfredo da Costa, planeadíssimo,
9 meses em cheio, 2 kilos e 900 gramas,
aos 3 anos perguntaram-me se queria um gato
ou um irmão
respondi gato, não tive nenhum
era fim de novembro
Dei o nome à minha avó, a minha primeira palavra inventada foi
Abelhá.
Morreu tinha 13 e jamais amarei depois disso,
não existia, deu tudo para servir o marido, as filhas e os netos
quando deixou de ter utilidade
o coração literalmente explodiu
passou a tarde toda a ignorar um enfarte como se fosse uma comichão,
deram-lhe uma aspirina até ser tarde demais,
em comparação, não passamos de uns egoístas nojentos
Fui criado ateu e agora sou agnóstico
graças a todos os ácidos que já mandei,
heroína jamais, e também não gosto de coca
acabo sempre a noite numa casa de banho pública
a falar com um estranho sobre a minha infância,
em criança fantasiava em esfaquear polícias ao acaso na rua
mas acho que as duas coisas não estão relacionadas
a classe média não tem direito a estar deprimida,
tem o dever de pagar impostos e ser feliz, porra
para a burguesia a pobreza é um desporto radical
na faculdade não fodi com ninguém durante 3 a 5 anos,
depende a quem perguntes, hoje o sexo já é semi-frequente
mas farto-me rapidamente, um misto entre escape e tarefa,
nunca tive uma relação de verdade
e já fui dezenas de vezes às putas
mas arranjo sempre uma desculpa para fugir de lá antes do princípio
já agora,
amo fazer listas,
sou uma pessoa organizadíssima,
já fui atropelado por um autocarro,
já desci nos carris do elevador da bica em cima de um caixote do lixo,
já caí duma ambulância em movimento,
já fui preso por ser cleptomaníaco inúmeras vezes e
raptado por uma milícia islâmica, uma vez,
tenho uma playlist pronta para o meu funeral
tenho saudades de momentos que desconheço
sou filho único
mas não estou triste, sou uma privilegiado de merda,
só sinto tristeza de nunca ter passado fome de verdade
não mereço nada disto
mas gosto de arte
é o que me vale
sou um ganda artista
com todo o pedantismo e paternalismo que acarreta essa palavra,
estou à venda
compra-me
não sou circuncisado
corto o meu próprio cabelo
faço umas omeletes decentes
tenho baixíssimas expectativas da vida
e quase nenhuma noção do ridículo
adopta-me
quero ser o teu anão
arranja utilidade para esta bolinha de carne
nunca tirei a carta
falo cinco línguas
tenho uma boa cultura musical
decoro o nome de todos os atores e
já tive muitos sonhos que nunca se concretizarão
sou medroso, mas teimoso
tenho uma integridade de suicida
e a última vez que senti alguma coisa era um fungo a alastrar-se na virilha
quantos queres?
eu pago-te para que me leves contigo para as filipinas,
para longe desta caverna friorenta
às apalpadelas na minha cabeça
masturbando-me à deriva
a patinar na maionese
barrando-me com coitos interrompidos
sarcasmo adolescente e esmegma ralado
a sorver caracóis na sua conchinha televisiva
como um primeiro beijo
num cliché do caralho.
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10. |
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estou sempre a correr e estou sempre
atrasado para encontros que criei e
a que não quero comparecer, mas como é que pode ser?
correr tão rápido e estar sempre atrasado,
lavo-me visto-me chego antes de imaginar
que lá estou, falo, não me reconheço,
reconheço rotundas a fazerem-se passar por
encruzilhadas de momentos de que já me arrependi
e apresso-me como um doido retardado ao
destino que me escapa e páro e entreolho
e repito como um doido a discorrer por
entre ruínas de catedrais reconstruídas
pela falsa misericórdia de milionários
reparo-me a arder para pedras com
pedidos e achados que sejam reconhecidos
como monumentos que desconstruo e rezo e repito ao espírito
no cerne de um berço bulímico ajoelho-me
com a face estendida num charco utilitário
comovo-me absorto do sentido do mundo
que pretendo que compreendo andando às voltas
num semicírculo incompleto que amo
e a máquina que mantém o cadáver em suspensão
quer-se desligar porque não foi pré-pago
pelo monstro amorfo do próximo desejo perdido
que nos alimenta com a morte.
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11. |
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Somos comparadores
Macacos de imitação
Já ouço as palmas ao fundo
A festejar um dado adquirido
Passarinhos recolectores
Fazendo o Ninho
Para proteger o destino
Da eterna corrente
De mais gente alugando tempo à morte
Peixinhos magrinhos
Abanando as caudinhas
À procura de algo fermentado
Que não se esqueça do que está para vir
Frango no churrasco!
Afogado em plástico
Com um maremoto como plafond
Enquanto um satélite bate uma
Burn out com asas
Chop sueys de estatísticas e
A cara encravada de um chip malpassado
Olhando se ao espelho
E navegando no sonho
De gatas, a fazer o pino
Já nos gravámos ao tédio
No ginásio, na sauna e no parlamento
O que não sobra é tempo
E vai dar ao mesmo
À priori, dá para contemplar
Uma oportunidade perdida à partida e
É conveniente
Matar-me e descobri que existia lá ninguém
Para além da ideia que tenho de mim
Mãos juntas ao centro!
Ter tusa é apropriação cultural
E qualquer opinião
É copy paste
And it's like that,
That's the way it is
Just like... That.
That is the way que foi escrito
E se não te lembras de quando não existias porque tens tanto medo do que
Está para se vir depois da morte?
Direito à imagem?
Falemos do dever de nos darem um número à nascença,
Admite que nada foi. Sempre. assim
E nada nunca será o mesmo
Porque tudo continua numa direção que também não existe
Com a mente em headbanging
A fazer de metrónomo enquanto
O corpo
Não passa da torre do tombo
Em vésperas de casamento
Admite
A luz ao fundo túnel talvez seja um farol
A avisar-nos
Para voltarmos para trás
Talvez seja teatro
E talvez a poesia seja a sarna
Que acumulei
Noutra viagem qualquer
Às 4as feiras é tudo um teste e
Às 5as é provavelmente uma coincidência
Engulo tulipas
escrevo poemas
E arroto de propósito
Já nos aproximámos
Do criador
Já nos comparamos à sua fotografia e
E reproduzimo-nos
Em homenagem ao inefável:
À Máquina da Interpretação
Juntem as mãos ao centro
Batam palmas, cocem a cabeça, bocejem
E repitam comigo:
Isto é tudo o que alguma vez seremos...
Meus lindos... macaquinhos de imitação.
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12. |
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Folheio a cara séria das fotografias velhas de familiares mortos,
cheira a azedo o gosto azul
de mais um aniversário animado numa casa branca
cuja calma me corta às postas.
Vai tudo desaparecer,
vazio cá dentro, vazio lá fora,
espasmos de entretanto
ardem no ártico enquanto neva na Bolívia
e sopra um vento ligeiro na ala de oncologia
de mais um amanhecer a tempo e a horas numa prisão fronteiriça.
Pois vivam os genéricos
e todos os momentos que perderemos uns pelos outros
(fade in, fade out)
Viva quem assassina ambientalistas indígenas, quem
pega fogo ao próprio planeta em troca de um Porshe melhor!
Viva quem não se vacina e quem acredita
que vivemos num tabuleiro de xadrez!
Viva quem se ama tanto ao ponto de ver o próximo
como uma cópia medíocre de si próprio!
Viva o 5G e viva quem controla a produção, tráfico e desperdício
de mais desalmados objetos perfeitamente insignificantes!
Viva quem paga à Líbia para que pretos e árabes
higienicamente se afoguem sem um som!
Viva para quem toda a queixa de uma mulher seja descontrolo hormonal
e para que os impostos dos pobres continuem a ser desfalcados
na manutenção e estabilidade de uma ilusão antropocêntrica!
O poeta esse, é imutável, e o seu poema é o choro da febre na terra,
é memória de uma origem impecável,
é o candelabro suspenso por uma fome selvagem,
é rima binária que se retroalimenta pela energia da paixão
de não sabermos o que vem a seguir à miragem no horizonte da mente fechada,
jogando à apanhada com sombras de palavras a bold
nos nossos intestinos de ideias frágeis, ideias nuas, ideias
ingénuas, sensuais e monarcas... tão bíblicas como enfiar
a mão, a língua ou o falo
dentro da alma de alguém
e ver o monumento da morte macaca
nos olhos da tempestade oceânica
chegando-se perto... a sussurrar....
Vem-te,
Vem-te comigo,
Vem-te comigo bebé,
Isso, Vem-te! Com toda a força,
Vem-te comigo vem e
Leva-me contigo nesse trampolim idílico
quando saltamos tão alto que ficamos... estáticos,
sem contacto com a condição do chão,
num torpor vibrador de céu
a contemplar a criação e a sua destruição,
outra orquestra, para o meu egoísmo sobrelotado
69x PARABÉNS A VOCÊ!!!
Por quem se matou mas sobreviveu e se reanimou,
quem se escreveu e sacrificou e não publicitou
uma poesia imune às ausências da vida mas entrega Sim
uma poesia íntegra e débil,
à espera que o Nada orgástico nos engula por completo
os sonhos, as saudades e os micro plásticos.
O tributo humano às estrelas canibais de um deus melhor.
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13. |
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Bom dia mentira, boa tarde simulacro e
Boa noite sociedade do sovaco,
Alguém que não esteja recenseado
E se queixe que quem vota é carneiro?
Cunhal, Cavaco, Cristas, isso é tudo igual,
Até percebo essa teimosia idealista
Quase elitista,
Mas não a respeito,
Porque quando vão ao cinema também
Compram pipocas e mandam coca na casa de banho, somos anarcas quando estamos de folga
E cagamos nas migalhas ecológica
Que pregamos ser zero contra um sistema
Tão sujo quanto um anjo com leucemia
A rejeitar um transplante de medula,
Eu não conheço ninguém que esteja imune ao pequeno almoço,
Basta ler o título e share it now,
Ativistas do hashtag diagnosticando
A extinção de um capitalismo
Que nos amamenta como uma ampulheta chinesa
Em prol de uma coletiva punheta marxista
Uma teoria falhada tão antiga
Quanto a última pessoa viva
Que sem um excel e grupos de afinidade
Ninguém decide quem lava os pratos
manhana manhana... Consenso jamais,
Bóra afundar num estranho loop
De culpabilidade transpessoal,
Na ilha da minha charada dogmática
Toda charrada num vão de escada
Em Almada. Porque até rimava.
Margem 'deixem-se todos de merdas' hardcore,
Vocês nunca fizeram nada de hardcore,
Isto só é literal se se identificarem,
Isto é um insulto e um suicídio
Um felizmente há tornado greenwashed
Com as páginas todas peganhentas
De lágrimas e suspense online,
Cada um de nós a violar a greta mais a jeito,
A criticar filmes que nunca fará,
Concertos que nunca dará,
Peças a que nunca se atreveria
E livros que nem sonharia,
Na sua trincheirinha opinativa
À espera do gatilho sagrado
Que ofenda o Harry Potter, a Frida Kahlo,
Aquele nojo da guerra dos tronos,
Ou ginger killers melancólicos, ou
Racial tokens perdidos
numa simulação sem sentido
Ou um professor careca
Com uma ganda estaleca pá meta-anfetamina,
Ou a ciência, que só sabe que não tem a certeza,
Os nossos heróis são criminosos psicopatas.
É tudo fumaça, tudo simplificado a um emoticon,
Tudo num rótulo ilegível, tudo catalogado
de "será que", tudo Chemtrails, tudo Illuminati,
Tudo borbulha imobiliária pop,
Tudo uma questão de afinar a pontaria dos drones em escolas de miúdas com toalhas na cabeça, no pasa nada, é montagem,
Antes sequer de acontecer já nasceu
A Hiper normalização da sua contradição,
Uma conspiração tipo Cambridge Analytica,
Mais outra humilhação com alguma piada
Para sempre esquecida, para sempre perdoada,
If you didn't post it, it didn't happen.
Dá-me lume
No espectro de um cancro no correio
Mais vale uma bala na tromba
Que uma má avaliação no airbnb
E um Uber para a morgue sff
Que este couchsurfer não vai renovar a corrida.
Chega? Chega o Caralho!
Vou para a penthouse dum hostel hebraico
Estimular o algoritmo e trollar o logico
Porque só vemos o que queremos ver
Não sabemos o que aconteceu antes
As notícias são todas mentira
Os políticos são todos corruptos
Existe bar aberto depois da morte
Que agradece a tua abstenção
Só fodo em one night stands
Para evitar namorar fantasmas.
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14. |
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Ninguém quer ter filhos e
Anda tudo a namoriscar a medicação
Para sobreviver
Ao terror kitsch da 6a extinção em massa,
Borderline bipolar aspergers ocd adhd ptsd
Chega de receitar diagnósticos
Procrastinando contra possíveis aliados
Mas apanhando com strap on do "inimigo"
Porque nada é melhor que um pouco de
Raiva e porrada na cama não acham?
Nazis sabem comer cu como ninguém.
Daí o swipe right para o carnal
E o swipe left para mesquinhices regionais,
Trivialidades do ego intelectual,
Aquela estatística ambiental sobre as abelhas
Que me deixa toda molhadinha
No que virá a ser um revenge porn viral,
Saca print, divided we stand, divided we fall,
and I guess that's alt-right?
Putaria reprimida, moralidade alimentar
E dá match contra as palhinhas de plástico,
Olé, karma imaculado, olé tomate cherry bio
Aquela bomba nutricional, olé toiro torturado
Num espetáculo medieval
No tal canal estadual,
Enquanto eu googlo
Será que esta ketamina é vegan?
Todos nos insultamos facilmente né
Todos se atacam e magoam diariamente
Todos falamos nas costas do amigo ausente né
Todos se maquilham de heróis nas bolhas sociais em crónicas da perseguição medíocres,
somos todos uns hipócritas presunçosos
rock n roll wannabe influencers gintrificados, com a identidade toda estilhaçada
A surfar uma ilusão alicerçada
em inveja de classe
Por overdoses de estilo
Do Robert de Niro à Teresa Guilherme
Somos todos filhos de canibais,
With the finger on the mirror:
You talking to me?
Se a tua vida depende da aprovação
Duma antropoesfera atrofiada,
Compra um ad para os teus sonhos
Com sex workers cheias de olheiras
Num jacto alugado que nunca levantará voo
A beber espumante em slo mo,
acende uma vela, tinta que brilha no escuro,
desenha linhas índias na cara com menstruo,
faz uma coreografia da Beyoncé e chama-lhe empoderamento
(Ou impeachment, já agora)
Caga mija dorme come fode bebe morre, cuz
The best you can good enough
Na era da irrelevância
A distopia é novo sexy
A minha liberdade de expressão termina
Onde começa a liberdade do próximo
Expressar a sua liberdade de se ofender?
Tomar comprimidos contra o sintoma
Recalcando tanto a raiz do problema
Quanto coloca os traumas num pódio
E projetá-los em cima do novo culpado
Será a santa empatia uma saída fácil
Para a apatia política
Só o teu umbigo
Não é político o suficiente, para mim.
Talvez os nossos proto-netos
Se suicidem pela displicência,
Pelo excesso e pela petulância
Destas cegas raves gourmet,
Castelos de areia neoliberal,
Fracking anal marked as safe
e smartwatchs com cum shots
À medida do kink do freguês.
Que Sa foda, tá tudo aos abutres
Que nem sequer sabem que existimos
Eu
Confesso:
Ri-me alto no 11 de setembro
E o Charlie Hebdo também tava mesmo a pedi-las,
E então?
Aponta para o coração e dispara!
Ou faz unfollow no face
Que é mais pratico e ninguém repara.
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15. |
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ela refaz-se num roteirista ex-heroínomano da Globo, daqueles que já teve no topo e agora é isto e terá sempre saudades do sabor daquela seringa suja na virilha 101
tipo hollywood no death row de um canil em buenos aires a lecionar a partir de um pódio de ossos roídos sobre ciúme e ecos de possessão híbrida e um sem fim de teorias desesperadas,
fogo de vista, brochante, mais dois anos de utopia pró matadouro
é tudo um filme com a mesma personagem apaixonada pelo novo reflexo de curcuma e cú
único remetente de toda a comida e de toda atenção se tiveres acordado tu hoje, morre longe
lá dentro, só fumo e um alarme condicionado que faz um burburinho quase excitante porque é tudo o que sobra de sonhos insatisfeitos
uma maravilhosa ex-fêmea ampulheta embrutecida por um sucesso de self fulfiling prophecies infantis e uma falsa migalha do condomínio com cancela de urtigas
é improvável que saia da cepa torta esperançosa em casar e ser princesa como num romance do jorge amado, onde todos vivem afogados
há doenças de que chegamos a sentir pena de perder sintomas por pelo menos termos sentido qualquer coisa, não é o caso, alfa bitch
diz qué do tantra, não passa duma junkie de orgasmos ao espelho vazio, deita aqui e transforma-te em mim, de feminista só dás bom uso à teia aranha
esclavagista, elitista, cis hétero e sociopata
touchè amore mio.
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Detest such insanity:
They cease to be human in a shrug
And consume my soul like a match
That forever burns my dry remains,
I hear footsteps, cannot focus,
Swim in the Nile and prevail mad,
Make-up turned aside through
These eyes, all those fat lips,
Who and why not, mind hacked,
Must find a way to remember
How to sleep awake and deny
The imagery of the dead.
Now I see the fright –
Am I disturbing, should I leave them
To play with unannounced violence
For a scheduled defeat?
Smoke more, drink absolutely
Every thing
And see god
On inverted reflections of ash,
Will always come back,
Don’t want to stand still,
Nobody has a shadow any-more
And the truth tic tac’s away
Face to face against mass
With the sketch of a silent
Lonely trail of bones.
We will (yes we will)
She –
The wolf bomb sister
Massive magic what link
– He
Will be a misconception
Of a fallen apart pentagram
Coming into blossomed nest,
Meaning?
(it)
Excerpt from the 2014 poetry book titled: "Nanospiral vortex with a continuous supersymmetric inner spin recording over itself at a delayed vibratory loop that cosmically simulates epistemological glances of mirrored metahunches imprinted as empty noise in the void for an imaginary brunch on a parallel punchlime at the ephemeral dance of motherly light and divine interpretation"
available for download here: https://www.bubok.pt/livros/10866/NANOSPIRAL-VORTEX---2012-2014
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Songs harvested under the 2021 lockdown.
Each song artwork from the "Francine" collage series between myself and César David Sousa.
Album comprised of 15 texts from João Meirinhos' pandora horse vomitorium got send for a trip around the globe and came back all grown up and mutated in 20/21 by utterly talented musicians eager to manifest the ripe metabolic fruits of their synesthetic bunkers all over my acid jelly gibberish spam of a poetry + one bonus track done at a distance in collaboration with metalhead mastermind Lou Kelly.
The circus came to town and oh boy, who knew dinosaurs wore feathers as evolutionary fashion accessories. Task managed.
Why am I thinking in English? The album is all in Portugeezer.
Swim Swam Puke. Free Fall.
NAMU AMIDA BUTSU.
One Marble = Vision vision vision.
Robert Heinlein disse que:
- "A obscuridade é o refúgio da incoerência"